domingo, 25 de junho de 2017

POETA NÃO SOU 124

ANDORINHA

Foi-se embora
A minha andorinha.
Já não ouço o seu chilrear.
Já não posso apreciar,
O seu voo rasante,
Rapido e elegante,
Que pela sua rapidez,
Parece que com tudo
Vai chocar.
E num vai vem 
Constante,
Torna mais alegre
A minha rua.
E no seu cantar
Me deleito 
Ao passar.
Partiu
A minha andorinha.
Mas vai haver
Outra primavera,
Que nenhuma 
Alma má pode evitar.
E a minha andorinha
Vai ao mesmo
Beiral voltar.
E à minha rua retornar.
Para que eu possa 
Com a sua beleza
Me deleitar,
E com ela 
Minh' alma descansar.
OUT 98
JC

POETA NÃO SOU 123

ESPERAR

Estou à espera,
Num local
Sem estação, 
Que o tempo passe
E me consuma 
Esta solidão.
Solidão,
Que me torna a vida
Em vão.
Dia a dia 
Sem alegria,
Sem satisfação.
De poder partilhar,
De poder comungar,
De poder dar,
De poder Amar.
Luta 
Quase de escravidão.
A que fui condenado
Sem culpa 
E sem razão.
Esperança tenho
Duma provavel 
Libertação.
De um dia encontrar
A quem amar,
E poder entregar
Toda a minha dedicação.
Tarde ou cedo
Pouco importa.
Se nunca é tarde
Para se poder
Transformar o mundo,
De amar de novo,
Com renovada emoção.
OUT98
JC
POETA NÃO SOU 122

SAUDADES

Tinha
Muitas saudades tuas.
Não te via 
Já passou bastante tempo.
E desde o momento
Em que partiste,
Apenas me restou 
Matar a saudade
E desviar o pensamento, 
Que em constante movimento,
Te procura
E clama por ti.
Toca o telefone; 
E num primeiro momento
Nem quero acreditar,
Que a tua voz
Soa ao meu ouvido
E me faz saltar
De alegria.
Onde estás?
Quero-te ver.
E é-me dada a esperança
De isso poder acontecer,
De te poder voltar a ver.
E aguardo
Esse magico instante
De te poder apreciar,
Bela e ondulante,
De silhueta perfeita,
Olhos brilhantes
E sorriso cativante.
Nem quero acreditar,
( estarei a sonhar)
Que pode acontecer.
E se tal vier a suceder
Com uma recordação 
Tua, do e no coração,
Quero ficar,
Para perdurar
No tempo.
E no tempo de solidão
Reviver e recordar.
E sem temer
Vou-me atrever,
A te pedir,
Que me deixes tocar
Com os meus, 
Os teus rosados labios.
Deixando-me essa marca
Estranha e sensual
Para poder sentir,
Quando voltares a partir ,
Que o que tenho,
Tu tambem tens, 
Que o que posso recordar,
Tu tambem podes lembrar.
Recordação,
Que não sei apelidar
Se de amor
Se de ilusão,
De nos podermos amar
Com sinceridade
E profunda emoção.
Amo-te, isso eu sei,
Sem mais nada esperar.
JUL98
JC
POETA NÃO SOU 121

Bato, 
Combato, 
Um combate 
Violento,
Mas lento.
Quando me bate
A solidão,
De não ter 
Uma mão,
Que se me estenda
E ajude a erguer,
A quem tanto quiz
E tudo foi em vão.
A quem tanto deu
E tudo se perdeu.
A um só
Não servem
Os elos de ligação
Da corrente
Que nos prende
E amarra.
A um ente sereno
Amante, Amado,
Ao longo dos anos
Acarinhado.
JAN98
JC

sexta-feira, 23 de junho de 2017

POETA NÃO SOU 120

Não me interessa 
O teu mundo,
Irrealista e sem fundo, 
Vivendo de sonhos
E de ideias defuntas.
Vives do sonho
Em levitação
À espera do que seja,
Não do que é, do que são,
As coisas, os sentimentos,
E tambem os sofrimentos.
A vida não é 
De sonhos, nem imaginação,
Mas de coisas reais, 
Que como tais,
Todos temos que resolver.
E que nenhum deus do alem
Nos pode ajudar a solver.
Não quero o sofrimento
Nem aceito a desgraça,
Como satisfação,
Do meu viver em graça.
JUN98
JC 


POETA NÃO SOU 119 

PRIMAVERA

Eras uma andorinha
Que ficou
Adormecida,
E não foi 
Com a primavera
Ficando no meu beiral.
E cada vez
Que te olhava
Aconteciam coisas mil.
E todo o ar
Era primaveril.
De repente
A tempestade. 
Já partiu 
A minha andorinha
E primavera
Já não tinha.
A outro beiral
Que a faz mais mais feliz
Se encostou.
Não lhe levo a mal.
Mas poucas primaveras
Vou ter.
Passarei a ter 
Um tempo invernal.
JAN 98
JC
POETA NÃO SOU 118 

Custa 
Estar apaixonado.
Sofrer em silêncio 
Pela amada.
Que esta longe,
Aprisionada
Das amarras e teias
Pela vida criadas.
Sem liberdade
Para me libertar.
Deste sofrimento
Interno e intenso, 
Que me devora 
E me traz
A angustia ao peito.
Vou sofrer, vou morrer, 
Porque não consigo resgatar
A minha amada.
Morro feliz
E eternamente apaixonado.
OUT97
JC

quinta-feira, 22 de junho de 2017

DESAFIANDO OS DOGMAS

Pegando numa data de dois mil milhões de anos o Ser Humano ( SH ) não se cançou de evoluir.
Mas nessa sua evolução muito tem de sofrimento e de incerteza e a necessidade de uma busca constante, fora de si, de alguma entidade, que aplacasse a sua ansiedade perante os " medos " , que foi criando no seu espirito.
Talvez menos os Egiptios, que tinham alguma tranquilidade perante o meio que os rodeava e o aceitavam como tal e invocavam os seus deuses para que a vida lhes fosse favoravel e satisfizessem as suas necessidades vitais.
Essa invocação não tinha como intenção uma justificação para a sua existência ou um comportamento do SH que fosse favoravel aos deuses e mais tarde ao deus.
Com a teologia da tortura psicologica o SH passou a uma constante dependência do medo atraves de conceitos inexistentes, mas que o torturavam e amedrontavam.
Há pela doutrina um apelo constante à subserviência  inculcando " medos " como forma de dominação, como o medo da morte, a tortura do pecado, o fim do mundo ou a ida para a tortura atraves do fogo do inferno.
Num golpe politico/religioso milhões de anos de vivência Humana foram reduzidos à tentativa de esquecimento de todas as experiências em que o SH acreditou.
E tudo o que em termos de pensamento e crença existiu, foi reduzido a nada.
E todos os que acreditavam naquilo em que acreditavam tiveram de deixar de o fazer a troco de renegarem todas as suas crenças ancestrais ou não o fazendo, com o sacrificio da propria vida.
A maior parte dos analistas , vamos chamar-lhes assim,  deve sofrer de imparcialidade mental ou não pensam ou rapidamente alinham da visão dos contraditórios, que nos querem impor.
Parece que não reflectem sobre os temas e probemas mais importantes, que nos rodeiam. Em que as desigualdades são gritantes e poucos procuram o criador divino, das situações de guerra, pobreza, desertificação, homicidios, enfim, desgraças.
E quem é o criador destes mal fadados factos ? 
Parece haver uma suspensão da crença no criador das desgraças ou essas designações são orfans, porque dizem alguns, que deus foi morto, forma depreciativa de dizer, que havera sempre alguem, que pensara de forma diferente enquanto não for ostricizado ou morto.
Como não se consegue ter uma explicação palpavel que se possa demonstrar surgem as justificações injustificaveis tambem elas , como são os denominados " problemas  metafisicos e existenciais ".
Os filosofos e teologos post gregos nunca se perguntaram em frente ao espelho - quem eram e o que faziam ali.
Mas é muito facil adulterar os dogmas filosoficos e teologicos, já sem qualquer jogo dialectico, pois que a dialectica já tinha sido colocada cadaver há muito tempo. 
Ou dogma ou dialectica - os dois conceitos são inconciliaveis.
Se os teologos e os filosofos se perguntassem quem são e o que fazem talvez fosse facil encontrar uma justificação para o SH concluindo sem duvida - O SH É.
Como a metafisica é recente e a historia do SH é muito mais longa, com uma idade que muitos não conseguem determinar, conclui-se, temos de concluir, que o SH não foi criado, mas gerado juntamente com a terra e com o universo.
Telogos e filosofos ainda não encontraram uma explicação para a existencia do SH e a sua transcendente grandeza.
Não olham, não investigam a grandeza do SH, como o unico ser capaz de raciocinar e de desenvolver tecnicas para melhorar a sua vida, embora nem sempre o consiga.
O SH não foi criado nem evolui-o do macaco mas foi posto ou gerado juntamente com todo o universo conhecido.
De todos os seres vivos o SH é o unico que tem capacidade intelectual para se sobrepor a todos eles sem utilizar apenas a força fisica.
O SH é o unico capaz de raciocinio e de corrigir tecnicas e conceitos antes utilizados atraves dos seu pensamento e da sua memoria.
Todos olham para o exterior, colocam o SH como objecto de experiencias e de criações, mas poucos o olham como um Ser que é, que foi posto atraves da necessidade intrinseca da conservação da especie e da selecção natural.
O SH é ilustre mentor de todos os acontecimentos, que o afectam e afectam os seus concidadãos.
Ao longo dos seculos de vivencia Humana os conceitos foram evoluindo , criados e recriados, como dialectica, escolastica, metafica, crenças, deuses, etc.
Com um senão, pois que nenhum pensador coloca o SH como origem de todo o saber e do seu desenvolvimento.
Discute-se, sem dialectica, no sentido dos contrarios - positivo, negativo; sim, não;mal,bem;verdade,mentira; ceu,inferno,etc.
Dizem alguns que a grande maldição da filosofia moderna é a rebelião , que prevalece, quase universalmente, contra a autodisciplina  intelectual.
Filosofos e teologos, economistas, cientistas são muitos deles intelectualmente desonestos, porque não são capazes , como Seres Humanos, de se auto analisar.
Não são capazes de se auto-inspeccionar.  A introspecção não é o seu forte.
É mais facil dizer inverdades, como a que diz, que a verdade pode ser encontrada, mesmo na metafisica.
Discutem com veemência de argumentos, pode ser que alguem os ouça e aceite o que nasceu primeiro - a galinha ou o ovo e a necessidade que a galinha teve de um galo para fecundar a cicatricula, dando assim continuidade a especie dos galinaceos.
Para concluir com uma penada de que esta e outras verdades estão na metafisica.
Como a existencia do universo, conhecido e desconhecido, não tem discussão.
É apenas e só um dado, adquirido por todos os que têm discernimento para o entender.
E essa entidade suprema e brilhante, que tem essa capacidade é apenas e só o SER HUMANO.
O SH é o centro do universo - o unico que tem capacidade para se fazer deus e de criar deuses.
Filosofos e teologos são na sua maioria levados pelo " medo " ou pelos medos, que lhes incutem de criança ou que apreendem ao não encontrar explicação para determinado fenomeno desconhecido.
Um dos medos mais aterradores, tortura psicologica de toda uma vida é o " medo da morte ".
E sobretudo e ainda mais amedrontador o que virá depois.
As mumias egiptias que o digam.
É que o SH não aceita ou dificilmente o faz de que a sua vida teve um principio e vai ter um fim.
O SH não aceita a finitude da sua existência.
O SH precisa mais do que nunca de uma dialectica universal para implantar o SH no lugar que lhe pertence - centro do universo - desencadeador de toda a evolução da sua existência, criador de toda a verdade, filosoficas e metafisicas.
Crendo-se deus, felizmente apenas alguns ou criando deuses à medida das suas conveniencias e experiencias na tentativa de explicação do desconhecido.
É que, como centro do universo, o SH tem um cerebro, que só ele tem e diferente de todos os outros.
Um cerebro que raciocina, que pensa, que inventa, que progride, mas, que havera sempre um mas, só o consegue fazer se lhe forem dados elementos de conhecimento basico para os desenvolver.
Se esses elementos basicos não lhe são proporcionados, então fica atrapalhado com o desconhecido.
À pergunta porque existo apetece-me responder,  que existo porque um maluco de um espermatozoide do meu pai se uniu ao ovulo da minha mãe  para que a especie Humana não estagnasse e podesse progredir de geração em geração.
Perante o desconhecimento dos fenomenos naturais, tempestades, vulcões, tsunamis, trovoadas, o SH, na sua pequenês, procurava refugio clamando aos deuses ou às divindades.
Era o seu instinto natural , que mais tarde, alguns dos seus semelhantes aproveitaram para manter e ate acentuar os seus medos e as suas angustias, criando lendas, que só ajudavam o SH a permanecer na tortura psicologica por toda avida e ate para alem do fim da vida, no alem ou talvez no céu ou acreditando que poderia ressuscitar, um dia.
Uma das histórias mais brilhantes é a descrição da criação por um dos livros de Abraão ou melhor da biblia, saida de um golpe politico-religioso de Constantino no concilio de Trento.
E reza essa biblia que deus criou o " mundo " - criou um nada , porque o mundo não existe - como os gregos já tinham observado e discutido existe a terra e o universo. O mundo não existe.
E criou o homem. Ora o homem tambem não existe. O que existe e já existia era e é o SH, que poucos reconhecem como ser superior e centro do universo.
Mais tarde , divino esquecimento, lembrou-se de que necessitava de uma mulher. E vai daí arranca uma costela e criou a mulher.
Se não foi clonagem é uma historia mirabulante.
E colocou o casal no paraiso com uma terrivel condição - não comer o fruto da arvore da sabedoria.
Se não podia comer o fruto da arvore da sabedoria tinha de permanecer estupido toda a vida. Esta proibição-condenação por viver no paraiso, que não na terra, foi um atestado de estupidez.
Mas o Adão e a Eva comeram e de imediato foram condenados sendo expulsos do paraiso e condenados a trabalhar e a ganhar o pão com o suor do seu rosto. O dogma do trabalho e o fim da recolecção.
É o que muitos ainda hoje fazem, vivendo com o dogma da necessidade de trabalhar.
Brilhante criação de atestado de estupidez e de desprimor do " homem ", suponho que do SER HUMANO. Ou não.
JUN2017
JC







quarta-feira, 21 de junho de 2017

POETA NÃO SOU 117

Beija flor

Gostava 
De ter uma 
Varinha mágica,
Para poder
Transformar,
Todas as mulheres
Em flores.
E a ti,
Na mais bela de todas,
Sem qualquer favor.
E com a mesma magia,
A mim mesmo 
Me transformar
Em beija flor.
E concretizar assim
Uma atracção, 
Tão natural, 
Como o nascer 
E o morrer.
DEZ97
JC

POETA NÃO SOU 116

Se eu não fosse o que sou.
Se tu não fosses o que és.
Se eu desabridamente
Pudesse declarar 
O que estou a sentir,
Sofrer e calar,
Seria certamente mais feliz.
Quereria saber
Se o meu e o teu coração
Bateriam em contraponto
Ou seriam comandados
Por um mesmo
Comando.
Mecanismo complexo,
Que não tem explicação.
Que nos afecta,
Qual maleita sem cura.
Que de tormenta em tormenta
Nos causa dor e solidão.
Não queria ser o que sou.
Não queria que fosses o que és.
NOV97
JC

POETA NÃO SOU 115

Estou louco, 
Louco de paixão.
Não me conformo
Com esta separação.
Queria ver-te.
Preciso ver-te.
Porque o teu olhar, 
O teu andar, a tua beleza
É o meu alimento.
Nada mais peço.
Nada mais quero.
E se aquilo que sinto
Nada te vai dizer,
Não me faças sofrer,
Não me dando
Uns breves segundos,
Do teu belo 
E encantador ser.
Nov97
JC


segunda-feira, 12 de junho de 2017

A FALACIA DA CULTURA OCIDENTAL

Carlos Magno não sabia ler nem escrever mas soube valorizar o ensino mantendo os conhecimentos classicos ( grego e latim ) funcionando as escolas junto dos mosteiros, dos bispados ou das cortes.
Nas escolas ensinavam-se as sete artes liberais herdadas dos gregos: aritmetica, geometria, astronomia, musica, gramatica, retorica e dialectica.
Dialectica ou arte de dialogar, de debater, de raciocinar e sobretudo de questionar.
Perante uma asserção conhecida e já aceite, um qualquer podia questionar o mestre sobre se não poderia ser  ou deveria ser de outra maneira e assim sucessivamente.
Embora algus considerem a dialectica uma maneira de filosofar, para os mestres gregos não o era, mas antes a tentativa de conhecimento e de saber, não se satisfazendo com " dogmas ".
A dilectica é o oposto do dogma. Se a filosofia é o desejo de saber e a tradução do grego é " amigo de saber " a dialectica era o instrumento para se alcançar novos saberes, como dizem hoje, da discussão nasce a luz, alcançando assim o maximo de conhecimento, saltando mais um degrau.
A dialectica seria o metodo para rebater as ideias e os dados adquiridos questionando e respondendo.
A dialectica deve ser considerada uma forma de pensamento ou um pensamento novo, questionando, debatendo e não o pensamento.
Dialectica tambem não pode ser uma aparência ou uma ilusão mas uma tentativa de explicação do desconhecido ou não adquirido como verdade.
Dialectica tambem nunca podera ser " a arte de ter razão " ou uma estrategia para ganhar uma discussão, independentemente de ter razão ou não.
A escolastica medieval e respectivo ensino duranre cerca de oito seculos manteve a dialectica numa das vertentes do seu metodo de ensino, herdado dos gregos.
Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, como providência e revelação divina passaram a fazer parte de temáticas filosoficas atraves da igreja catolica. Tentava conciliar elementos da filosofia de Platão com valores de ordem espiritual. Foi introduzido no ensino e na cultura ocidental o espiritismo.
A glosa era a interpretação e explicação ordinaria da biblia recente aprovada por Constantino.
As glosas eram utilizadas no sistema educacional do mundo cristão romano, nas escolas do periodo carolingeo em diante e só foram abandonadas no sec. XIV.
Era um comentario e interpretação padrão sobre as escrituras na europa ocidental com influencia na teologia e cultura cristã do ocidente.
A glosa latina não é inovadora mas uma transcrição da glosa grega.
Era uma tentativa de explicação de uma palavra do texto ou a propria explicação. Uma explicação de uma dificuldade puramente verbal do texto , com exclusão das explicações exigidas pelas obscuridades doutrinarias do novo texto biblico.
O que inicialmente foi apenas um comentario explicativo de alguma duvida passou a ser com o tempo parte integrante da " palavra de deus ".
Ao prescindir da dialectica o pensamento estagnou e procurou explicação atraves da metafisica sempre com o estudo dos filosofos gregos.
Quando a filosofia grega chegou ao fim , uma aberração intelectual, deu lugar ao progresso da teologia natural e ao progresso da metafisica e a metafisica ficou, absolutamente, sob a influência da religião catolica, apostolica e romana.
A metafisica pode existir mas precisa de demonstração o que é improvavel. Só a fisica se comprova e não linearmente.
A unica via para a explicação do não conhecido é a dialectica universal.
Alem de que tudo o que é e foi intelectualmente respeitavel já tinha sido dito pelos gregos e Egiptios antes.
Daí alguns considerarem a filosofia contemporanea um estado caotico por se ter perdido o conhecimento de alguns principios fundamentais, que por serem verdadeiros, são os unicos em que se pode fundamentar toda a especulação dialectica.
O mais importante desses principios é o Ser Humano é e sendo é o centro do universo.
Porque é muito facil jogar com os cantrarios, isto é, onde o pensamento desarticulado predomina, a verdade não pode ser alcançada ao nivel do concreto e do objectivo, para logo se afirmar, que a verdade pode ser encontrada mesmo na metafisica. 
Elementar contradição ou jogo dos contrarios.
Porque no buraco negro do espiritismo cabe toda a especulação desarticulada ou não e muito facil de explicar :
Tudo tem um horizonte proximo e palpavel. 
É preciso ter fé.
JUN 2017
JC




PORTA NÃO SOU 114

FATALISMO

Fatal contradição
De te querer ter
Junto a mim
Para te poder apreciar,
E toda a tua beleza
E encanto
Poder absorver.
E assim minorar 
O meu sofrimento.
Dilema de saber,
Que não posso desejar
Mais que um simples sonhar,
De por aí te poder encontrar,
Porque nada mais me resta
Do que sofrer em silêncio
E de me conformar 
Com um viver
Longe, muito longe
De ti.
Sem nunca te encontrar.
Nov 97
JC

domingo, 11 de junho de 2017

POETA NÃO SOU 113

Tenho,
Um vaso com uma flor,
A mais bela de todas,
Que quando a olho
Me faz sonhar
Com o paraíso.
Seu jardineiro não posso ser,
Nem tratar dela 
Todos os dias.
E assim, poder acompanhar
Se continua bela,
Encantadora e brilhante,
Vendo, quando a olho, 
Um pouco do paraiso.
Resta-me o inferno
De a ter longe
E este fogo que me atormenta
Se tornar eterno.
Nov 97
JC

POETA NÃO SOU 112

Tropecei 
Nos teus olhos verdes
De olhar aveludado,
Meigo e profundo
E nas suas profundezas
Fui cair.
E desse tombo,
Fiquei abalado.
Ainda estou debilitado.
Não sei se vou ficar curado.
Porque, não consigo
Voltar costas
E o meu pensamento
Me empurra
Em constante movimento,
Não me deixando esquecer
Esses momentos fugazes
De felicidade e encantamento.
Olhos verdes.
Encontro e lamento.
JC

quinta-feira, 8 de junho de 2017

MITOS CLONADOS

Por ocidental entenda-se os herdeiros do antigo império romano do ocidente, que por sua vez teve origem no imperio carolingeo.
Os gregos centravam e desenvolveram os modos de pensamento, que assentavam em dois pilares: o raciocinio e o mito, sendo o mito tudo aquilo que dizia respeito à imaginação com uma elevada dose de persuasão, sendo aqui que se criaram as fabulas mais absurdas e mirabulantes, que os gregos criaram e conseguiram divulgar por toda a europa.
Os mitos, fruto da imaginação eram dados e cada um acreditava ou não neles.
Para os gregos as pessoas eram livres de pensar e em questão de fé nenhuma autoridade religiosa a impunha. Poucos pensavam, claro, como hoje.
Não assim com a fé imposta ou tentativa de imposição da fé e seus dogmas pelos criadores politico-religiosos da fé católica apostolica e romana.
Quantos morreram na fogueira por não renegarem aquilo em que  já acreditavam?
Veio da mitologia grega o conceito de barro como material moldavel e a mitologia era semelhante à argila com que os poetas gregos modelavam a seu belprazer mil imagens diversas, modificando-as , adaptando-as, atribuindo-lhes esta ou aquela significação moral de acordo com as suas conveniências ou inventadas por prazer. À medida da imaginação de cada autor.
Como aquela atribuida a Platão da criação dos Seres Humanos em que todos tinham duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, com uma força que se tornou temivel.
Para enfraquecer os Seres Humanos dividiram em dois, cada parte ficando autonoma da outra.
E assim nasceu a Humanidade actual. Como ainda hoje tudo fazem, as elites, para enfraquecer o brilhante Ser Humano.
Uma criação sui generis e que nada tem a ver com a criação catolica ocidental da criação do Adão.
E daqui nasce o mito da essencia do Amor, tema bastante glosado, pois que cada metade se sente incompleta e procura desesperadamente a parte que deve completa-la.
Ainda não encontrei a minha metade, mas não perco a esperança.
A mitologia helenica depende de uma função inerente ao espirito Humano- a faculdade de criar realidades imaginarias.
Embora não se confunda coma  religião a mitologia grega esta em estreita relação com a religião.
Com uma pequena diferença: Como já foi dito a mitologia não era imposta, a religião ao contrario é imposta pelas elites religiosas, que a procuram impor a qualquer custo, particularmente a igreja catolica apostolica e romana. Não conheço outra tão severa.
Ou aceitas ter fé ou és ostracizado.
A mitologia tem como caracteristica essencial atrair do divino, os deuses, à terra e abolir toda a distância entre o imortal e o mortal.
Parece que o ocidente romano e papal seguiu o caminho contrario colocando o " seu deus " no céu distante, inexistente, e incompreensivel para alguns, como é o meu caso.
Para os gregos os deuses, no plural, têm uma biografia semelhante aos Seres Humanos.
E não podia ser de outra maneira pois o Ser Humano é o centro do Universo e dele tudo depende e foi, é, criado.
Sejam mitos, fabulas, milagres, profecias, visões, chamamentos, adivinhação, espiritismos, etc. Nada é anterior ao Ser Humano e tudo resulta da sua imensa e brilhante imaginação.
Para os gregos os deuses descerão à terra, misturando-se com os Humanos e encarnarão neles.
No ocidente romano/catolico os Humanos é que sobem ao céu !! para serem julgados pelos " deuses ".
No conjunto dos mitos muitas lendas têm um sabor popular e folclorico.
No entanto todas as lendas , que parecem resultar de uma reflexão sobre ritos ou imagens estranhas à tradição primitiva dos Helenos, que quando chegaram às margens do mediterraneo encontraram divindades e cultos cuja significação não compreenderam.
Havia divindades  comuns a todos os gregos , mas os mitos não tinham um caracter de generalidade, de acordo com as variantes locais, que surgiram aqui e ali.
As alusões às " genealogias divinas " pressupoem a existencia de uma mitologia já constituida relativamente às pessoas divinas e às tradições lendarias em que surgem " Herois" , seres semi-humanos, semi-divinos, que resultam da união de um deus e de um mortal.
Aqui o ocidente tambem andou ao contrario dos gregos e criou o mito da virgem maria e de um " cristo " solteirão e sem familia.
Este ou aquele heroi foram outrora divindades e o seu tumulo tornou-se local de culto e santo.
Aqui a religião romana tambem fez uma copia do já existente.
A mitologia helenica criou varios ciclos como as teogonias ou seja a historia da engendração dos deuses em simultaneo com a da criação, sendo uma ideia que ocorreu aos gregos do exterior, talvez da Àsia menor.
Os vestigios mais antigos parecem pertencer à religião dos conquistadores indo-europeus e contributos pre-helenicos.
Durante o sec. VIII antes da actual contagem dos seculos, recuso dizer nova era, surgiu atraves de um poeta grego a mais celebre das teogonias com influencia do pensamento oriental em que um poema épico relata a historia da criação e das gerações divinas  em que se misturavam divindades oriundas de todos os horizontes conhecidos do " mundo oriental ", deuses arianos levados pelos invasores arianos.
A principio era o caos, o ser em que não há nada de orgânico e que possa ser descrito.
Do vazio aparece a primeira das realidades que começa a dar-lhe um sentido: a terra e não o " mundo " , que não existe.
Dizer que se criou o " mundo " é dizer que se criou uma inexistencia, que os gregos bem esclarecem.
A terra, planeta, é a base segura de tudo o que existe. Surge a divisão orgânica do universo, tal como os Egiptios consideravam, e tambem tomarão lugar os infernos.
Nas proprias origens desta criação surge o Amor como motor universal, que provoca as uniões monstruosas dos principios cosmicos numa imensa dialectica da criação.
O caos, a terra, o ceu, a noite tiveram filhos, principios vitais que animavam a vida.
A religião ocidental oficial romana não acredita na vida pois que os clerigos não podem constituir familia fonte da vida e da perpetuação das gerações.
A criação estende-se ate à terceira geração divina.
Era necessario estabelecer uma ordem oposta ao caos e  as diferentes divindades reflectem no seu labor principios abstractos, que atestam reflexão sobre as condições essenciais.
Esta descrição da criação esta mais de acordo com a experiência  do Ser Humano incluindo a terra, o sol, o mar, o universo o caos e a ordem e os principios essenciais da vida e para a vida.
O Ser Humano como centro do Universo conseguiu ter a imaginação suficiente para com a sua experiencia e necessidades espirituais inventar a criação de tudo o que o rodeava e que ainda não tinha explicação.
Prefiro esta criação à da criação do " mundo " que não existe.

Publico este pequeno texto para tentar mostrar que o ocidente politico religioso não criou absolutamente nada.
08 Jun 2017
JC