quinta-feira, 11 de outubro de 2018

INVOLUÇÃO DOGMÁTICA

Vidas de sofrimento e terror psicológico com a promessa de atingir a eternidade e o céu, nunca recusando o castigo do deus todo poderoso, que se manifesta através do sofrimento e das promessas não cumpridas.
Crede Seres Humanos estareis ressuscitados, porque com crença ou sem crença, nada é dado ao Ser Humano ( SH ) para aliviar as suas angústias  e as suas fraquezas.
Crê povo de deus, povo do infortúnio e crê porque o sofrimento é a tua herança sagrada e tu és eleito entre todos para a eternidade.
A nossa herança é a dor. Feliz o duro destino, o tormento e a provação.
Recordai-vos dos dias trazidos do deserto e dos quarenta  anos de castigo antes da terra prometida, que ninguém encontrou.
Será apenas uma ficção mais.
Nunca a segurança foi concedida ao povo de deus ou pelo menos relatada pelos seus profetas.
Sempre a mão sagrada rejeitou o povo, quando se revoltaram e não entendiam tanta desgraça , tanto desamor.
Lembrai-vos, que quando ele nos acabrunha e nos enfraquece  nossa pena é forjada no fogo do seu amor.
Curva-te docilmente ao jugo da fé. Deus só pertence aos vencidos.
Conduz-nos profeta da desgraça e a colera do deus abatem-lhe o orgulho.
O óleo da unção mudou-se em sangue. Tu tornaste-te rei do sofrimento, rei dos vencidos felizes.
deus fechou seu olhar terrestre, ficando cego, para que contemplasse melhor o reino eterno, rei dos martires.
Terra sagrada prometida, a pátria perdida  e abandonada. Vai povo errante de deus, os que ficam têm a pátria, mas os que partem têm o  "mundo".
Bem aventurada servidão de deus arrasou a cidade para que ela ressuscitasse e será construída em nossos corações, povo errante e sofredor avia-te para o teu peregrinar eterno, caminha o teu caminho e sofre o teu sofrer.
Rasga e come o pão que as lágrimas salgaram e a pátria em sonho emergirá das noites, universais vencidos em parte alguma bem vindos atravessemos as idades para a cidade das almas.
Vamos através dos povos e dos tempos ao longo infinito dos caminhos do sofrer. Somos eternamente os eternos vencidos.
Eles acreditam no invisível , que os arrebata. Deve haver um mistério como nos interpretes das estrelas.
Seguimos o caminho sagrado do nosso sofrimento, os únicos sem pátria, nos marchamos para a eternidade.
Nós nada temos de comum com os povos da terra. A nossa força é a de sermos nós. 
Vós tendes toda a paz mas nós queremos a guerra, que degola e profana a vida.
Malditos sejam os que vendem pelo interesse a sua coragem criticando o camponês por não querer a guerra pois que os campos só prosperam na paz.
Nós adubaremos com o nosso sangue o campo porque é uma felicidade morrer pelo unico deus verdadeiro.
Onde estão os sacerdotes ? Acordai-os.
É um cobarde que se salva apelando aos seus pavores.
Porque atira deus os  povos contra os outros. Há tanto lugar debaixo do céu, que nenhum tem necessidade de incomodar o outro.
Mais de uma terra espera a charrua, mais de uma floresta o machado e entretanto aguçam-se relhas feitas espadas.
Não compreendo?
E porque quer deus a guerra entre os povos ? 
Os povos cobiçam-se uns aos outros por causa dele.
Empunho uma lança e não sei contra quem vou voltá-la. Espera-a aquele para quem ela foi afiada: Não o conheço, nunca lhe vi a face, o peito onde cravarei a morte.
Um outro virá ferir o pai dos meus filhos e ele nunca me viu, nem padeceu jamais ofensa minha.
As árvores nascem em paz e mudam a sua seiva em flor enquanto que nós, em fúria uns contra os outros, brandimos a acha e a lança até que a resina do nosso sangue jorre para fora de nós.
Quem é que lança a morte entre os homens, que semeia o ódio entre eles, quando há tanto lugar para a vida e tanto vagar para o Amor?
Isso deve vir de deus, porque foi sempre assim.
Não matarás mas olho por olho e dente por dente. Há muitas coisas na escritura, quem é que pode compreendê-las?
Cumpre-nos combater não questionar. Como não devo enquanto vivo interrogar sobre a minha vida?
Como não há-de a vida sobressaltar-se em indagações antes de extinguir-se na morte? Talvez que já seja a morte que se interroga em mim e não a vida.
Maldito seja o óleo que te ungiu a fronte. Mas o deus queria esmagá-lo com sofrimentos.
Abaixo os padres , abaixo os profetas ; todos nos enganaram.
Foi mais uma derrota, mais espiritual, que material.
Já não havia lei para eles, o povo escolhido e a escritura sagrada tinha sido queimada.
Também já não havia padres e talvez sejam os primeiros a abandonar as almas, que deviam apascentar.
O povo estava derrotado e sentia-se sem guias. A necessidade de guias ou lideres religiosos ou políticos é uma das fraquezas do SH.
É a maldição de deus, enviada contra nós para a nossa ardente tortura ; é o chicote e o fel de deus.
Quem se recusou ao êxodo será morto à espada. Antes morto entre meus pais do que escravo entre estrangeiros.
deus não está em parte alguma, nem no céu nem na terra, nem na alma das criaturas.
Ele partiu a aliança, renegou as suas promessas. A tua dureza é muito dura para mim e a tua mão muito pesada. Não sirvo mais a tua vingança furiosa , não te sirvo mais.
Eu fui tudo quanto fez de mim teu capricho, não quero mais atuar conforme os teus caprichos. Um deus que nos oferece o sarcasmo e não o auxílio, esse deus não é digno que se anuncie e se ame.
Chama-me a cidade, que a tua cólera queimou; o povo que o teu ódio exilou; as mulheres que fizestes viúvas; as mães a quem curvas-te a fronte e o altar tu mesmo cobriste de vergonha.
Deus duro e cheio de ódio, retesado e petrificado em teu orgulho de ídolo. Diante do vosso sofrimento, irmãos, eu caio de joelhos, porque odeio o teu deus e só a vós é que amo.
Deixai-me amigos só falar-vos de Amor. Divido convosco o pão das vossas torturas.
Estamos de volta, nós ressuscitamos. Estamos todos escravos. Temos necessidade de um salvador. Se Moisés ressuscitasse por  nós. É necessário um consolador. Somos os banidos e partimos para o exílio.
No princípio era o paraíso e o reino na terra sem localização concreta. Cedo se conclui-o que nem o paraíso nem o reino terrestre tinham possibilidade física e terrestre.
No entanto a ordem foi dada: sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa do teu pai e vai para a terra que te mostrarei.
Tal terra nunca apareceu. No entanto aconteceu mais esta tortura psicológica.
Durante quarenta anos ou mais erraram pelo deserto à espera, que se cumprisse a promessa.
Mas em vão: a promessa nunca foi cumprida e as terra prometida assim como o paraíso foi mais uma grande ilusão religiosa.
Sem terra prometida e sem povo passou a ser muito difícil aos defensores e seguidores religiosos e com muita  " fé " dar uma explicação aceitável para o fracasso de tal promessa badalada pelos profetas ou melhor, criadores de sonhos.
Misteriosamente ou talvez não aconteceu um milagre, mais um , com a obra " a cidade de deus" , um senhor criado no paganismo e mais tarde convertido, que coloca no céu toda a corte e séquito do deus omnipotente e omnipresente, onde se encontra à espera dos crentes humanos e não crentes, que terminada a sua vida na terra sobem ao céu à espera de serem julgados pelos seus pecados.
Sim, porque todos somos pecadores.
Finalmente entendo a obra do grande Miguel Ângelo em que representa na capela cistina o SH e o suposto deus e em que os dedos indicadores de cada um quase se tocam.
E porque não se tocam? Porque o SH vive na terra, com todas as atrocidades consentidas pelo deus, abandonado por deus e na ilusão de alcançar o descanso eterno no céu, os que conseguem ter alguma fé e o deus, vivendo como um rei, na sua corte celestial, no céu, à espera dos acontecimentos.
Nada do que se passa na terra, já não prometida e as atrocidades de que é sofredor o SH, crente e não crente, tem a ver com deus ou lhe importa e a vida celestial, lugar paradisiaco criado no céu para a vida eterna, em mais uma ilusão, que o SH com alguma fé espera alcançar, uma espécie de banha da cobra celestial.
Voltando à capela cistina o SH, homem crente ou não, habitante da terra e o deus , que habita a sua cidade celestial, não se podem tocar, porque deus criou dois " mundos " de ilusão e que nunca se irão encontrar: a terra prometida e o céu.
O SER HUMANO  para um lado e o deus celestial para o outro.
FELIZES  os que não precisam de nenhuma fé. 
OUT2018
JC
P.S.: O texto, a maior parte, foi extraído de um livro de um profeta.









sexta-feira, 5 de outubro de 2018

POETA NÃO SOU 167

SUPER INDIFERENTE

És meu irmão,
Mas és levado 
Para o cadafalso
Da loucura
De alguns humanos,
E eu indiferente.
És meu irmão,
Embora, 
Não tenhamos comido
Da mesma placenta,
E eu indiferente.
És meu irmão,
Cravado 
De desgraças, 
E eu indiferente.
És meu irmão,
Enquanto és 
Violado, assassinado,
Morrendo de fome,
E eu indiferente.
Não me digas irmão,
Que me obrigas
A passar adiante.
Consola-me 
E lava-me a consciência
Dizendo,
Que apenas,
Somos semelhantes.
5OUT2018
JC