terça-feira, 19 de dezembro de 2017

POETA NÃO SOU 160

TORRÃO

Parece
Torrão de chocolate,
Que apetece
Meter na boca, 
Saboreando,
Sua doçura,
Sem trincar.
Deixando derreter,
Lentamente,
Absorver seu gosto
Doce, doce,
Que me faz esquecer
Amargos de fel.
Pareces 
Torrão de chocolate ,
Que apetece
Trincar,
Para mais rapidamente
Tua doçura beber.
E esse torrão 
Poder transformar
Numa bela mulher,
Que se quer
E deseja Amar.
Instantes de felicidade,
Que bailam 
Na minha imaginação
E que lamento 
Não poder ser
Realidade.
Que lamento 
Apenas serem
Ficção, imaginação, 
Que não
Uma realidade
Existente 
No meu coração.
DEZ 99
JC


POETA NÃO SOU 159

PRINCESA

Princesa encantada
Nas teias movediças,
Que o Amor tece.
Mas nem sempre fornece
O calor, a força,
Que nos liberta.
E o Amor fenece, 
Lentamente,
Num desespero constante,
Gritante,
Que nos atrofia
E nos rouba a alegria.
Fora eu
O teu príncepe encantado,
Para te libertar,
Para te devolver
A tua alegria,
A tua força de Amar.
De alegria morreria, 
Se eternamente,
Nos pudesse-mos Amar.
DEZ 99
JC

POETA NÃO SOU 158

ILUSÃO

Fim de ano;
Mais um ano a acabar,
Sem nada terminar.
Fim de ano
Em que tudo vai continuar.
Já não quero caminhar.
Novo ano.
Mais um filme de horror.
Os mesmos males
Vão lá estar:
A guerra, a fome,
Os desastres; O desamor.
Não quero ser figurante 
Nem sequer actor
De mais um ano.
Mais um filme de terror.
DEZ2010
JC

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

FALACIAS POLITICAS 


A revolução francesa é o romper das cadeias do poder monárquico absoluto e uma revolta contra as classes dominantes, que infelizmente não acabaram.
E esta revolução foi o rastilho para muitas outras revoluções, ou melhor, para muitos movimentos de libertação do jugo colonial.
Supostamente, as ideias revolucionarias pretendiam transformações politicas e sociais . Infelizmente, não foi assim e o absolutismo e os privilegios monarquicos continuam, agora com uma elite de politicos profissionais e tudo continua nalguns casos ainda pior , embora com o epiteto de " democracia ".
Com a revolução francesa, prototipo de revoluções, apareceu o que consideram um fenomeno da arte da guerra , que foi Bonaparte.
Sendo um grande militar com uma grande capacidade de trabalho, grande no sentimento e na paixão e ainda mais na ambição.
Ainda bem que foi um grande ambicioso, que o levou a perder quase tudo pois que " nenhum homem pode vencer todos os homens"
A ambição militar de Napoleão permitiu acontecimentos extraordinarios e para o que mais interessa em Portugal, onde acabaria por ser derrotado.
Num dia de de Novembro a familia real portuguesa partiu para o Brasil, depois de ter sido ameaçada de morte pelo imperador francês Napoleão, que ameaçou exterminar os membros da casa de Bragança a que pertencia a familia real.
Com esta fuga para o Brasil do rei e do seu sequito podemos dizer, que é o primeiro episódio da independencia do Brasil, que culminou com o grito do Ipiranga pelo regente D. Pedro.
Aquilo que foi considerado uma das maiores subversões dos valores politicos, sociais  e ate morais da história do Ser Humano, a revolução francesa foi apenas fogo de vista e mudança de uma elite monarquica por outra elite republicana, que o imperialismo de Napoleão rapidamente adulterou e esmagou.
Dizem que Napoleão foi um génio da arte militar e com uma ambição desmedida que acabou por o perder
O vulcão da revolução submerge o sec 18 e o furacão napoleonico varre toda a europa deixando-a em cacos, derrubando as monarquias e os tronos.
Portugal não podia escapar a esta tempestade politica e social e às imprevisiveis derrocadas politicas.
Portugal era um país pequeno e empobrecido com uma sociedade descrente e apática.
Uma monarquia cansada, indolente antevendo-se para alguns o desabar definitivo do sonho do quinto imperio.
O rei bondoso, paciente e resignado foi responsavel pelos males acrescidos pelas invasões francesas e a necessidade das decisões tomadas para salvar a soberania nacional e a coroa real- D. João VI.
Não é pacifica a decisão de tranferir a corte para o Brasil perdendo a mais importante colonia portuguesa e dando lugar à independencia de um dos mais ricos paises do planeta.
A partida da corte para o brasil foi o primeiro momento da inde pendencia deste país, com a particularidade da criação de uma nação monarquica no seio das revoluções republicanas da america do sul.
Uma oportunidade e antecipação do que viria a acontecer em todos os dominios coloniais proporcionado pela revolução francesa.
No entanto no Brasil já havia o partido da independencia e que lutava pela instauração da republica no Brasil, partido da independencia que diplomaticamente trabalhou para expulsar D. João VI e ficar com D. Pedro, que acabou por declarar unilateralmente a independencia do Brasil.
Fugindo para o Brasil D. João VI desertou do trono de Portugal para fundar outro no Brasil, passando Portugal a ser uma colonia e o Brasil a metropole.
Depois de Alcacer Quibir a revolução francesa foi o acontecimento que mais dificuldades criou à independencia e soberania do reino.
Parece que a gloria de um reinado depende mais da fortuna do que do merito das personalidades politicas , porque a pessoa certa não é muitas vezes a que intervem e é preterida pelo que não tem merito para o fazer.
Portugal tinha um vasto imperio ?! colonial cobiçado pelas grandes potências.
O reinado de D. joão VI viu-se envolvido nos mais graves problemas tendo de tomar grandes decisões, quer no âmbito nacional, quer internacional.
As intrigas palacianas são uma maleita habitual em qualquer corte de todos os reis bem como em todos os bastidores da politica, necessitando de um temperamento pacifico e confiante para contornar as dificuldades palacianas ou não.
A europa com a revolução francesa como locomotiva tambem estava mergulhada numa grande subversão de valores morais, de ética politica e das instituições.
Já naquela altura se fazia prevalecer o apodo politico dos interesses nacionais.
Portugal viveu entre dois fogos : a voracidade napoleonica e a sofreguidão britanica, não esquecendo a vizinha Espanha sempre pronta a apanhar Portugal desprevenido.
Portugal diplomaticamente navegava em àguas turvas e turbulentas, entre uma ambiguidade politica de franca hostilidade para com a frança revolucionaria e parcialmente a favor da Inglaterra e duplice relativamente à vizinha espanha clerical e francofila.
A revolução francesa e as guerras napoleonicas vão ser o campo onde se desenvolvem as grandes batalhas diplomaticas de 1790 em diante.
Em 1793 Portugal aderiu a uma coligação contra a França que acabou por abandonar e a frança continuou a considerar portugal beligerante pela participação na guerra e os ingleses tambem por termos abandonado a coligação tendo o comercio maritimo portugues sofrido grandes danos atacados pela frança.
Em 1798 frança e espanha aliam-se para combater contra inglaterra e portugal procurava negociar a paz com o governo de paris e conseguiu um tratado de paz que não foi ratificado, o que só veio a acontecer depois de conseguir o acordo ingles. E o directorio frances não o aceitou.
Em 1801 a frança e a espanha declaram guerra a portugal, porque não abandonou a aliança com a inglaterra, que os europeus continentais queriam isolar.
Uma das primeiras medidas desta declaração de guerra foi o encerramento dos portos portugueses à navegação britanica.
O alto alentejo é invadido e sem combate são entregues Valença de alcantara e Olivença e apesar do acordo de paz Olivença ficava na posse dos espanha ate hoje.
Entre os politicos responsaveis havia dois partidos: os que eram a favro da frança e os que eram a favor dos ingleses e havia os neutros, que normalmente por cobardia não tomavam partido nem por uns nem por outros.
Se se procurava uma negociação por um dos partidos o outro procurava boicotear ou sabotar com toda a desfaçatez os planos da negociação numa altura em que a ingerencia de bonaparte nos negocios da peninsula, leia-se portugal, porque a frança era aliada da espanha e havia ameaça de invasão por tropas franco-espanholas.
Portugal estava ameaçado de conquista pela coligação franco-espanhola e colocado entre dois fogos com os ingleses à perna espreitando a oportunidade de se instalar em todos os cantos do globo e que apesar da aliança com portugal mostrava egoismo a cada passo.
Portugal tentou conciliar a politica portuguesa com ambas as partes beligerantes por uma politica de neutralidade.
A 29 de Novembro de 1807 a corte portuguesa parte para o brasil com um sequito de cerca de treze mil pessoas.
Os exercitos invasores francês e espanhol chegaram sendo a ida para o brasil uma hipotese de alternativa de estado e um mal menor entre o rei deixar-se aprisionar e guilhotinar ou tentar reconstruir um grande imperio a partir do Brasil, embora o sonho de um grande imperio ( imperio de quê??!! ) foi sempre a mais ambiciosa utopia dos paises pequenos.
A utopia de um quinto imperio depois do Egipto, assirio, caldaico e do fenicio sucedesse ao Romano sempre existiu na alma lusitana embora a crise nacional ameaçasse soçobrar a grande epopeia lusiada.
Os politicos já punham o brasil colonia acima da propria metropole.
As ultimas ameaças de napoleão datam de 14/08/1807 o que levou a uma luta interna entre defensores de franceses e de ingleses , entre os que achavam que a familia real devia ficar ou seguir para o Brasil, não colocando os interesses nacionais e o bem estar da população em plano superior ao das conveniencias estranhas. 
Com a corte no Brasil e a derrota francesa na invasão de portugal , ganhou a inglaterra , que em 1810 assinou um tratado de comercio , entregando a totalidade do comercio portugues na totalidade do territorio portugues à navegação britanica.
O outro ganhador foi o brasil no ter-se tornado um grande país de lingua portuguesa.
A capital do reino transferida para o Rio de Janeiro trouxe ao brasil uma coesão nacional, uma capital incontestada e um governo proprio, que em 1815 é elevado a reino unido de Portugal, Brasil e algarves e a agitação dos movimentos separatistas e das colonias espanholas da america do sul já eram uma preocupação e em Março de 1817 surge uma rebelião em pernambuco.
D. João VI voltou à europa em 26/04/1821 deixando seu filho Pedro como principe regente a quem recomendou, que se o brasil se separasse antes fosse para ele do que para qualquer dos politicos aventureiros que lutavam pela independencia e um desses aventureiros era tão só Simão Bolivar, o libertador.
Numa declaração de 7/09/1822 o principe tornou-se D. Pedro I imperador constitucional brasileiro, depois de em Janeiro do mesmo ano lhe ter sido apresentado um abaixo assinado, que pedia a sua permanência no Brasil com a possibilidade de reinar sobre o imperio na america ao que respondeu - fico- Diga ao povo que fico.
Do achamento do Brasil à independencia passando pelo carnaval dizem alguns cronistas , que o achador do brasil levava na sua frota um conjunto de musica folclorica composto por tambores e gaita de foles.
Quando a frota arribou os primeiros a desembarcar foram estes gaiteiros e que os atonitos e curiosos residentes os receberam de braços abertos - pode ter começado aí o famosos carnaval.
DEZ 2017
JC





sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

POETA NÃO SOU 157

TÃO LONGE E TÃO PERTO

Olhos ternos,
Olhar meigo.
São eternos
Os momentos 
Em que os recordo
E revejo.
Fecho os olhos
E neles repouso,
Cansado 
Da sua ausência.
Torturado
Pela saudade.
Fecho os olhos
E num lamento,
Alimento
A esperança,
De mais cedo
Que tarde,
Me poder deleitar
Com a sua ternura.
De me poder encantar
Com a sua meiguice .
Tão longe os recordo 
Mas ...
Tão perto os sinto.
MAR 99
JC

POETA NÃO SOU 156

NÃO ESTOU

Ouço o som
Da tua voz,
Mas eu não estou.
Ouço o som 
Da tua voz,
Mas eu não vou.
Ouço o som
Da tua voz,
Em ondas sonoras
De ultrasom,
Que só um sentimento
Bom,
Pode acolher.
Segredo nosso,
Que ninguem 
Pode entender.
Lamento.
Não posso responder.
Não estou, não vou.
Resta-me
A delicia do teu olhar, 
A malandrice 
E cumplicidade 
De nele mergulhar.
Aí vou, Aí estou,
Aí gostava de ficar.
JUL 99
JC

POETA NÃO SOU 155

BALANÇA

Balança 
Posta em sossego
E em equilibrio,
Ao longo da vida 
Fustigada
Por ventos e marés,
Desabridos,
Que soubeste pesar, 
Devolvendo
O equilibrio.
Balança,
Te peço mais uma vez:
Pesa 
Minha magoa
Minha dôr.
Sentimentos ,
Que me desequilibram,
Com os pesos 
Da minha angustia
E da minha desilusão.
Deita-os ao vento,
Para que os leve 
Num só momento.
Para que possa voltar 
A ter o meu equilibrio.
Magoa, por não poder,
Dor, que me faz sofrer,
Por voltar a viver,
Sentimentos ,
Que julgava
Acabados,
Que julgava 
Adormecidos
E encarcerados
E que me voltam 
A atormentar.
Devolve-me o equilibrio
Minha balança,
Porque,
Nada mereço receber.
Nada mais tenho para dar.
AGO 99
JC