quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

XIX ODES INFRUTIFERAS
1960
                                   I
Naquele dia voltado ao poente ,
Em que o brilho do sol era pálido,
O teu rosto olhei, inconsciente.
Ficaram defenidas em meus olhos, 
Feições tais, que nunca mais esqueci,
Quer esteja longe ou perto de ti.
                        II
E então passaste a ser para mim,
O alvo de todo o meu pensamento,
Noite e dia, Hora a hora sem fim,
O que se tornaria um tormento.
Passei a considerar-te superior
Às outras, por quem não sentia Amor.
                         III
Dei-te a conhecer o meu sentimento,
Que para ti comecei a nutrir,
Não calculas o meu contentamento, 
Diziam que me ías consentir.
Qual não foi a minha desilusão,
Quando tu, marota, disseste não.  
                         IV
Considerei não ser nada para ti, 
Meti-me com outra p`ra distracção,
Foste humilhada, mas não o previ,
Pois não quiseste a bossa união.
Diziam que estavas muito zangada,
Que nunca mais seria perdoado.
                          V
Voltei a fazer-me cruzar contigo,
Mas ofendida,mal p´ra mim olhavas.
Houve um baile e não dançaste comigo;
Era assim que o teu castigo aplicavas.
Quanto sofri nem quero recordar;
Tremi, chorei, por me ver rejeitar.
                          VI
Sempre que podia por ti passava.
Que alegria para mim só de te ver.
Enorme, quando contigo dançava.
E tu, indiferente, sem o saber.
Partias:E que tristeza ao pensar,
Se não serias capaz de me Amar.
                          VII
Não tenho coragem de te falar,
Escrevi-te uma carta, em que pedia, 
Para teu coração me perdoar
E se o acontecido te esquecia.
E acabaste por me conceder,
O que tanto me custava a obter.
                          VIII
Oito dias estive sem resposta.
Preferiste falar pessoalmente.
Falei-te , aceitando tua proposta.
Recusas-te dar-ma nesse momento.
Dançava-mos e vi que o sim ías dar, 
Ao deixares nossos rostos tactar.
                           IX
Acompanhei-te a casa no final.
Adeus Esmeralda: apertei.te a mão.
Adeus meu vizinho. Tratamento igual,
( O que eu não deixei passar em vão )
Nunca, pequerrucha, mo tinhas dado.
Passei a considerar-me teu namorado.
                            X
Nova oportunidade tive de esperar.
Sou que ías nesse sabado ao talho.
Esperei que passasses p´ra te falar.
Para ouvir o teu sim tão esperado.
Fiquei radiante de felicidade,
Ía repor minha fidelidade.
                            XI
Fidelidade que tem sido total,
Pela qual luto, p´ra não violar.
Espero conseguir, que uma mulher banal,
Não me roube aquilo, que só a ti devo dar.
Esse seria o meu maior prazer,
Ser teu, como só minha tens de ser.
                             XII
Finalmente começaste a amar,
Ultrapassando as tuas previsões.
Teus carinhos me começaste a dar,
Mais se ligando nossos corações.
Sentes-te pelo amor transformada.
Será causa de estares apaixonada?
                             XIII
Tiveste então muitos pretendentes, 
Que para mim têm sido um tormento.
Não veem que para eles és indiferente,
complicando o meu ser de ciumento.
Não se convencem, que teu coração já tem dono,
Que  a eles, já os pusestes ao abandono.
                               XIV
Como fruto de toda essa paixão,
Gerou-se nosso primeiro beijo de Amor.
Transtornado ficou teu coração.
Pensaste na separação: Que horror!
Minha felicidade é e seria,
Possuir sempre a tua companhia.
                               XV
Sem zangas de maior vamos vivendo.
Simples amuos, por mal entendidos.
Mas o amor fortalece, sofrendo.
Não são só rosas o trilho da vida.
Queira Deus, que o amargo dos espinhos,
Não encontremos nos nossos caminhos.
                               XVI
Minhas arrelias sabes aturar,
O que faço suportas: és um anjo!
Arrependo-me, quando começo a pensar,
Qu`outra amigo como tu não arranjo.
Pequerrucha!Não mereces eu sei,
Meu feitio ainda não dominei.
                              XVII
E que consigamos chegar ao fim,
Não muit longe da boa harmonia.
Até que possas viver junto a mim,
Sem temer o olhar de uma vigia.
Qual será o dia, que ao te beijar,
Tu então, não me possas recusar.
                              XVIII
Tudo em ti considero mui belo,
Dos cabelos ao andar gracioso.
E a ligar os teus dons como um elo,
Um coração ardente e amoroso.
Meu anseio é jamais o esquecer,
Que só a morte nos faça perder.
                               XIX
Teus lindos olhos são duas estrelas,
Que são o guia do meu coração.
Tua boca pequenina um sacrário,
Cujos lábios beijo com emoção.
Dentro do teu peito espero ser rei,
Do qual espero não abdicarei.
JC 





                             

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